A cultura de uma empresa é um dos principais fatores para seu sucesso. Em um mercado que se torna cada vez mais competitivo, empresas vêm adotando novas formas de gerir pessoas e processos de trabalho. As metodologias ágeis, uma inovação que utiliza de conjuntos de técnicas menos burocráticas e otimizadas, não são exclusivas para empresas do segmento tecnológico, como muitos pensam por aí. Novas empresas de outros segmentos e até mesmo algumas que já são fortes no mercado, adotaram metodologias ágeis e os resultados são uma maior produtividade e interatividade entre as pessoas colaboradoras.
O que são metodologias ágeis e porque várias empresas vêm adotando-as?
Metodologias ágeis são uma forma de se conduzir projetos com o objetivo de otimizar os processos e conclusões de tarefas. Tem como base um fluxo de trabalho mais flexível, ágil e menos burocratizado. O foco é estimular o trabalho em equipe, colaboração e inteligência coletiva. Os métodos ágeis são diversos, mas o que todos têm em comum é serem conjuntos de práticas que se destinam a tornar a entrega de produtos de alta qualidade para o cliente da forma mais rápida, se adaptando de acordo com as necessidades da empresa, cliente e projeto. Basicamente são métodos que tornam processos mais simples, dinâmicos e interativos.
As metodologias ágeis surgiram da inspiração do “Manifesto Ágil” que foi escrito em 2001 quando um grupo de 17 desenvolvedores de softwares se reuniram para pensar soluções em desenvolvimento. 4 sentenças: agilidade, múltiplas entregas, intensa participação do cliente e customização do produto; e 12 princípios: valor, frequência, flexibilidade, união, motivação, comunicação, funcionalidade, sustentabilidade, revisão, simplicidade, organização, autoavaliação; foram definidos desta reunião, formando o que serviria de inspiração para várias metodologias que viriam a seguir. Apesar de serem bem comuns em empresas do segmento tecnológico e de desenvolvimento, os métodos ágeis são aplicáveis em qualquer tipo de projeto, pois possuem diversas vantagens como organização do fluxo de trabalho, facilidade de visualizar e corrigir falhas ao longo dos processos, aumento da produtividade e nas entregas, maior qualidade do produto final, colaboradores mais engajados no projeto e clientes mais satisfeitos. Além de serem adaptáveis às tendências de mercado e se integrarem entre si.
Quando entendemos as vantagens dessas metodologias é fácil entender porque empresas bem-sucedidas como Google, Sony e Itaú adotaram a cultura ágil. De acordo com a pesquisa do PwC (PricewaterhouseCoopers), realizada em 2017, empresas que adotaram métodos ágeis nos anos anteriores foram 28% mais bem-sucedidas do que as que continuaram no modelo tradicional. As metodologias ágeis vieram para ficar e revolucionaram a forma de se gerenciar projetos e empresas, abrindo possibilidades para diversos tipos de empreendimentos.
Spotify e sua própria metodologia ágil
O streaming de músicas mais popular do mundo desenvolveu sua própria metodologia ágil, que se popularizou e rompeu as barreiras ao ser adotada por outras empresas e segmentos. O Scaling Agile Spotify, como é chamado, foi apresentado ao mundo em 2012 através de um artigo de mesmo nome. Neste artigo a empresa sueca explicava como a adotou as metodologias ágeis em sua estrutura de forma simples e eficaz, utilizando de outros métodos como o scrum, kanban e lean, e sendo um exemplo de organização de várias equipes em uma organização de desenvolvimento de produtos que enfatiza a necessidade de cultura e redes.
Mas como e porque esse modelo se tornou tão popular, principalmente em empresas do segmento tecnológico? Principalmente por sua forma simples de lidar com os processos que visam dar mais autonomia e liberdade para os colaboradores enquanto incentivam sua criatividade. O método ágil Spotify agrupa os colaboradores em times de forma vertical e horizontal, e têm como objetivo a troca de melhores práticas, experiências, e desafios, onde a empresa tenta obter sinergias internas de conhecimento e produtividade.
- Squads
Os squads ou “esquadrões” são equipes autônomas, baseadas em equipes scrum e são compostas por 3-10 pessoas trabalhando em uma feature (produto) específica. É normal você ver lugares que comparam o squad com uma “mini-startup” porque possuem uma missão, escolhem as estratégias e ferramentas que irão utilizar para atingir seus objetivos em curtos prazos. Conta com um Product Owner para direcionar as prioridades e é incentivado o uso de outras metodologias ágeis como Lean e Kanban em seus processos.
- Tribes
Também chamadas de tribo, são o conjunto de vários squads, que colaboram entre si de maneira fluida e trabalham em funcionalidades correlacionadas de um mesmo produto. Geralmente uma tribo tem entre 40 a 150 pessoas, e contam com um líder que ajuda a coordenar os squads e incentiva a colaboração para criar alinhamentos entre eles.
- Chapters
Como sua tradução literal, os capítulos servem para o alinhamento dos profissionais que têm uma mesma funcionalidade se alinharem e se ajudarem. Um chapter é formulado para incentivar a troca de experiências e sempre será definido por suas skills, como por exemplo: um chapter de UX Design dentro de uma determinada tribe.
- Guilds
Também chamados de guildas no Brasil, são um grupo formado de pessoas que não são necessariamente do mesmo squad ou tribe, mas se unem em prol de um interesse em comum ou para trocar experiências.
Além dessas equipes, o método Spotify conta com um gerenciamento das equipes através de pesquisas trimestrais em que são avaliados os pontos que necessitam de atenção e evolução, com um modelo de autoavaliação baseado na confiança entre os colaboradores e as equipes.
É importante ressaltar que de acordo com Henrik Kniberg, Agile Coach da Spotify, o modelo da empresa não possui regras que não possam ser adaptadas, segundo ele, esse modelo é um exemplo da maneira que o Spotify trabalha atualmente e que é uma jornada em andamento, não totalmente concluída.
Outros métodos ágeis para conhecer e aplicar em seus projetos
Kanban
O Kanban foi desenvolvido pela Toyota e surgiu na década de 40, antes de todo o manifesto ágil. Considerada uma metodologia simples e aplicável das mais diversas formas, consiste em um quadro de organização do fluxo de trabalho. Geralmente são separadas em categorias como: pendente, em andamento e concluído, e de forma descomplicada e simples dá uma visualização completa de todas as etapas de um projeto.
Scrum
É a metodologia ágil mais utilizada na atualidade por ser a mais versátil e adaptável. Se integra com facilidade a outras metodologias ágeis e têm como base a transparência, inspeção constante dos padrões de qualidade e a adaptação para corrigir e evitar gargalos nos processos. Dentro desse framework os papéis são bem divididos entre os colaboradores sendo eles:
Product owner – quem estabelece as prioridades e representa o cliente dentro da equipe. É quem tem a responsabilidade de traduzir demandas em recursos e funcionalidades.
Scrum master – quem lidera a equipe. É o responsável por gerenciar o andamento do projeto ou produto que está sendo desenvolvido pela equipe, coordenando e fazendo adaptações quando necessário.
Time scrum – composto por profissionais multidisciplinares o time scrum não divide as pessoas em diversos papéis visando sempre indivíduos e interação mais do que processos e ferramentas
No método Scrum a interação entre os indivíduos é promovida por pequenas reuniões, que são chamadas de Sprints, em que os objetivos são discutidos e alinhados pela equipe de forma mais ágil e menos burocrática.
Lean
Essa metodologia, também derivada da Toyota, é utilizada por diversas startups nos dias atuais. Tem como prioridade reduzir o desperdício de recursos, melhorar a qualidade e maximizar o valor do produto ao cliente. Se baseia na redução de custos e diminuição da complexidade das atividades realizadas com um lema de três passos: construir, medir e aprender. Além disso, estimula o trabalho com MVPs (Produto mínimo viável) antes de seguir com um produto ou projeto, evitando assim desperdícios de tempo e dinheiro.
