8 de março: Dia Internacional da Mulher – Por que ainda estamos falando sobre desigualdade de gênero no mercado de trabalho?

No dia 8 de março comemora-se o Dia Internacional da Mulher, essa data importante no calendário global foi instituída pela ONU em 1975 e celebra a luta pelos direitos das mulheres, fortalecendo suas pautas em busca de uma sociedade mais igualitária. Mas para além das celebrações (que são de fato importantes), o dia também deve ser marcado por reflexões acerca da desigualdade de gênero, que apesar dos avanços, ainda é um problema que se sobressai em nossa sociedade, principalmente quando o assunto é o mercado de trabalho.

 

A luta das mulheres no mercado de trabalho é uma luta histórica, e a Virtú convida você para uma reflexão sobre os avanços e desafios da atualidade acerca do assunto.

 

Qual o panorama das mulheres no mercado de trabalho brasileiro hoje?

 

A desigualdade de gênero no mercado de trabalho brasileiro ainda é bastante significativa, a segunda edição do estudo “Estatísticas de gênero: indicadores sociais das mulheres no Brasil”, lançado em 2021 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), aponta que 54,5% de todas as mulheres brasileiras, com 15 anos ou mais integravam a força de trabalho do Brasil em 2019, número 19,2% menor que o percentual de homens empregados ou buscando emprego, atingindo 73,7%. Para além de estarem menos inseridas no mercado de trabalho, as mulheres ganham em média de 20% a menos que os homens, segundo pesquisa realizada também pelo o IBGE encomendada pelo portal G1 em 2022. 

 

De acordo com esses dados, por mais que a sociedade integre mais mulheres ao mercado de trabalho, as diferenças ainda são expressivas. Historicamente alocadas em atividades voltadas principalmente para o cuidado e serviços domésticos, as mulheres foram por séculos apresentadas a oportunidades de emprego com baixas remunerações, pouco poder de decisão e nenhuma perspectiva de crescimento. Isso impacta no panorama nada favorável que se perpetua em pleno século XXI. O relatório “Women in Business 2022” realizado pela Grant Thornton, revelou que apenas 28% das mulheres estão ocupando cargos de liderança no Brasil, esse número choca, pois, mesmo com a temática da desigualdade de gênero sendo recorrente nas manchetes e mídias globais, os números provam que faltam ações que sejam de fato eficazes para mudar essa realidade.

 

A mulher negra no mercado de trabalho, uma realidade ainda mais intimidadora

 

As marcas de um passado escravocrata fazem com que a  mulher negra ainda tenha que lutar contra preconceitos em um mercado de trabalho nada acolhedor para seus corpos. A mulher negra, de acordo com a Fundação Getúlio Vargas, tem a menor participação no mercado de trabalho, atingindo 45,6% em 2020, o menor índice desde 2012. Especialistas apontam a pandemia de COVID-19 como um principal fator para esse declínio repentino, afinal essas mulheres são as que mais ocupam cargos de serviços gerais, como os setores de limpeza, alimentação e atendimento.

Diante desse cenário, é de se esperar que a participação de mulheres negras ou pardas seja ainda menor nos espaços de liderança, apenas 3% ocupam esses esses cargos e por mais que atualmente existam vários programas de incentivo e formação de mulheres negras para ocupar posições de lideranças nas empresas e conselhos administrativos, a proporção entre mulheres brancas e negras é consideravelmente desigual. O que escancara a  realidade de um país que ainda carrega fortemente a desigualdade racial e de gênero.

 

Reflexos da desigualdade de gênero na vida das mulheres

 

Já está elucidado que mesmo com ampla divulgação e discussão sobre o assunto, o mercado de trabalho se movimenta a passos lentos para uma mudança, e isso carrega efeitos reais na vida das mulheres de todo o mundo. Para além de enfrentar toda uma dificuldade de se inserir e se manter no mercado, mulheres também sofrem um maior número de assédios e situações constrangedoras em seus ambientes de trabalho.

 

São diversos desafios, mulheres dedicam quase o dobro de tempo que homens com afazeres domésticos ou cuidando de terceiros, a dupla jornada de mulheres com filhos, o alto índice de mães solos e chefes de família também são questões que não são amplamente discutidas no mercado de trabalho, causando múltiplos problemas socioeconômicos mas também prejudicando a suas saúde física e mental.

 

Diante dos tópicos e números apresentados aqui neste texto, é possível compreender porque as mulheres ainda precisam lutar tanto para terem as mesmas oportunidades no mercado de trabalho que os homens. Toda essa desigualdade é também consequência do contexto histórico de décadas de direitos negligenciados, e de um fator muito importante que não pode ser esquecido: a falta de representatividade de mulheres ocupando espaços de poder. 

 

As mulheres foram várias vezes apagadas da história e privadas de decidirem seus próprios caminhos. Desde as grandes guerras, em que foram designadas para as atividades de cuidado, seja na enfermagem, limpeza e alimentação. Também ocuparam postos de serviços nas fábricas, mas porque faltava mão de obra masculina devido aos confrontos. Esse apagamento, mesmo que repaginado, ainda é uma realidade, principalmente quando falamos da presença de mulheres nos parlamentos, que no Brasil é de apenas 24,4%. Esse número é ainda menor quando falamos de mulheres negras,  indígenas, transsexuais e travestis.

 

Vivemos à sombra do passado e para mudar essa realidade é preciso trazer essas reflexões para o campo da ação. Um dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU, a ODS nº 5, trata da Igualdade de Gênero e o empoderamento das mulheres, propõem ações práticas a serem implementadas em organizações públicas e privadas que vão ajudar a promover a mudança  nessa realidade de tamanha desigualdade de gênero.

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